outubro 15, 2008

"Quem quer Saltar da Montanha?"


Por Paulo Veiga da Fonseca
Em Julho desde ano dei conta, neste mesmo espaço, da minha visão sobre a candidatura que o PSD deveria apresentar à liderança da Câmara Municipal de Lisboa.

Intitulada de “Mais do que um nome” neste texto apresentei algumas das características que considero essenciais que “O Candidato” deveria possuir, como sejam:

1-Tem que ser alguém que queira ser presidente da câmara de Lisboa. Porque quem vier vem para ganhar, não pode ter outra hipótese

2- Viver Lisboa: que conheça e viva em Lisboa.

3- Que tenha visão para a cidade. O que quer que Lisboa seja nos próximos 10 anos.

4- Que não seja elitista. Que entenda que Lisboa é uma cidade feita das realidades de cada rua, cada bairro, das suas relações internas e do relacionamento de Lisboa com os concelhos vizinhos.

5- Que venha com novas ideias, novos métodos, que deixe o passado onde ele deve ficar e parta para fazer um novo futuro. Tem que marcar a diferença com o que está e com o que já esteve.

6- Seja um líder dos pés à cabeça. Que fale e os lisboetas oiçam. Que tenha uma boa penetração na comunicação social.

7- Que conheça bem os problemas da cidade, que domine os dossiers Municipais, que conheça bem a estrutura camarária.

Acrescentei, ainda, alguns considerandos sobre a gestão política deste processo, nomeadamente, os nomes que se lançam (auto-promovidos ou lançados pela Comunicação Social) para “testar” ou “queimar” e, acima de tudo, a obrigatoriedade de ser uma decisão rápida.

E nestes últimos aspectos, pelo que temos vindo a assistir as coisas não estão a correr nada bem.

Não coloco em causa os nomes que têm estado nas capas dos jornais. Cada um representa do melhor que temos para oferecer a Lisboa, com efectivas possibilidades de vencer esta desastrosa e arrogante gestão Socialista /BE da CML. Agora, parece-me confrangedor o amadorismo e a leveza com que se tem tratado este dossier.

"A Real Potilik tem destas coisas" - dizem. Certamente, respondo. Mas mesmo na Real Politik as coisas têm que ser bem feitas.

O risco do que estamos a assistir é que a solução final tenha custos, internos e eleitorais, mais elevados do que se tivesse decidido o candidato num curto espaço de tempo, de forma sustentada e assumida inequivocamente pela liderança, não permitindo especulações, fugas de informação, silêncios dúbios, debate interno público e erosivo para o PSD que se quer forte e coeso.

A vontade, a motivação, o espírito de missão deveriam ser as premissas individuais para quem quer ser presidente da Câmara de Lisboa.
Nesse sentido, quem sentisse este impulso deveria “chegar-se à frente” sem esquemas ou timings calculistas ( para ver se o outro vai ou não; ou antes que alguém avance, etc). Deveria ter assumido publicamente o seu interesse pelos problemas da cidade. Debater os erros, os ilusionismos e as incompetências deste executivo de António Costa. Deveria ter dito presente e não ter deixado demasiado tempo PSD Lisboa sem “a voz”.

No fundo devia ter respondido à pergunta : -“Estou pronto para saltar da Montanha?”

Agora pode ser tarde demais ou a “montanha” será mais rasteira e perigosa.
Nota: No momento actual, com a importante discussão sobre o orçamento, lançar o candidato e entrar em discussões internas é perder tempo, credibilidade e agenda. Em política o "momentu" é muito importante.