agosto 21, 2009

Educação: Um legado para o Futuro.






Por Gonçalo Sampaio








Se há imagem que fica dos últimos anos na Educação é de um ambiente de permanente conflito, quase guerrilha, entre os vários sectores que compõem o sistema educativo. Uns contra os outros, o Governo contra todos. Foram anos perdidos, em que, embora muito se tenha anunciado, muito pouco foi feito e muito ficou por fazer.

É hoje indiscutível que muito tem de mudar no sistema educativo em Portugal. Não falo de anunciar mudanças, ou projectá-las em powerpoints. Falo em mudanças reais, concretas, que signifiquem uma melhoria da qualidade e do sucesso do sistema.

O sistema educativo é base de qualquer País. É aí que se forma o futuro dos países. Hoje temos a sensação que não estamos a preparar convenientemente os nossos filhos para a realidade que vão enfrentar.

Nos últimos dias foi tornado público um documento elaborado por um grupo de trabalho, integrado no Instituto Francisco Sá Carneiro, que, sob o título "Portugal Qualificado", pretendeu, sem dogmas ou tabus, elaborar uma nova abordagem que solte o sistema educativo do status quo que o tem prejudicado.

Pode ter acesso ao documento aqui.

Numa altura em que se ouvem vozes criticando a ausência de propostas, fica aqui (mais) um exemplo de um documento de trabalho, que não pode deixar de suscitar a apreciação e discussão de todos aqueles a quem, verdadeiramente, o assunto interessa.
In blogue "Novas Políticas" do IFSC

Os números de Governo de Sócrates







por Gonçalo Sampaio

O Instituto Francisco Sá Carneiro, ao longo dos últimos meses, tem publicado uma tabela com a evolução mensal de um conjunto de indicadores que mostram a actual situação de Portugal em várias áreas.
Através dessa análise podemos retirar que, nos últimos 4 anos, o nível de vida dos portugueses praticamente estagnou face à média europeia, tendo passado de 74.6% em 2004 para 75.5% em 2008. Que, no mesmo período, o défice externo subiu de 6.1% do PIB para 10.5% e a dívida externa disparou de 64% do PIB para 97.2%.
Ou ainda que o endividamento das famílias e das empresas subiu, entre 2004 e 2008, de 80% para 96% do PIB, e de 116% para 140% do PIB, respectivamente.
Estes, além de muitos outros, são os números da Governação Socialista.
Dirão que é preciso ter em conta os efeitos da crise mundial que tudo descontrolou. Mas nem a crise tudo justifica.
Apesar de avisado, o Governo não a soube antecipar, não a soube interpretar, nem soube responder da forma que se impunha. Quando muitos já propunham medidas alternativas, o Governo continuava agarrado à ideia das grandes obras públicas como a solução de todos os males.
Lentamente, muito lentamente, foi percebendo que estava enganado. Mas percebeu demasiado tarde.

Mais significativos, que estes números, são as previsões de crescimento a médio prazo (2011-2017) publicadas pela OCDE para os 29 Estados-membros da referida Organização. Portugal surge classificado em último lugar, com uns modestos 1,5% (2,3% para a área do euro e 2,7% para a média da OCDE).

Estes números são preocupantes e significam que não continuaremos a crescer muito pouco e a divergir.

É do confronto com esta realidade, com os resultados da sua governação (ou falta dela) que o Partido Socialista, e particularmente o Primeiro-Ministro foge, só preocupado em, desde já, fazer promessas para o futuro.
In blogue "Novas políticas" do IFSC

agosto 20, 2009

Governo PS - A fuga à Responsabilização













Por Gonçalo Sampaio

Já neste blogue escrevi sobre este ser o momento certo para, todos nós, fazermos um balanço do mandato deste Governo (fruto das circunstâncias mais longo do habitual).
Aí referi a preocupação e o desconforto evidente com que o Governo, nas suas principais vozes, parece estar com o resultado desse balanço.
O Governo dá sinais claros de estar numa lógica de "fuga para a frente". Sem querer que os Portugueses olhem para trás e avaliem o que foi prometido, o que foi feito e o que não foi feito.
Os anúncios de muitos milhões sucedem-se, algumas vezes contraditórios, mas sempre mal explicados e fundamentados.
Ao Governo, que deu inúmeros sinais de falta de responsabilidade, falta-lhe uma cultura de responsabilização.
Ora, a responsabilização é fundamental na actuação e avaliação política dos nossos Governantes.
Não se pode aceitar, sem denunciar, o permanente clima eleitoralista de quem tudo promete a todos, atirando as dificuldades para debaixo do tapete e só querendo levantar o mesmo após os Portugueses terem votado. Tal situação é mais grave quando, simultaneamente, se é Governo e tem por obrigação governar o País.
Não se pode aceitar que o Governo prometa para amanhã o que hoje não sabe como fazer.
O que assusta o Partido Socialista é o facto do Portugueses darem sinais evidentes de estarem cansados de uma forma de estar na Política e, acima de tudo, não quererem ser, novamente, enganados.
E o grande drama deste Governo, e nomeadamente do Primeiro-Ministro, é o facto de se aplicar na perfeição a adaptação livre da frase que ficou célebre após a II Guerra Mundial: Você pode enganar algumas pessoas, algumas vezes, por algum tempo. Mas não vai conseguir enganar a todos, durante todo o tempo.

O PS E A GOVERNABILIDADE


por Gonçalo Sampaio

Algumas vozes do Partido Socialista, com especial destaque e particular insistência para Manuel Alegre, têm, publicamente, comentado, qual deverá ser a opção do partido Socialista, caso, ganhando as eleições, não as ganhe com maioria absoluta.
Para essa vozes, a opção passará sempre por um entendimento com as forças à esquerda do PS.
Estranhamente, ou talvez não, a posição oficial do Partido Socialista é o silêncio, ignorando de forma ostensiva, e quase provocatória, essas mesmas opiniões.
Mas a questão é de facto importante e merece reflexão
Por uma questão de legitimidade, o Partido Socialista, como aliás todos os outros, devem clarificar a sua posição nos diferentes cenários que poderão surgir na noite eleitoral. O Partido Socialista continuar a afirmar que o seu objectivo é ganhar com maioria absoluta. Contudo, sendo tal cenário, cada dia que passa mais irrealista, esse argumento torna-se quase ofensivo para os eleitores, por demonstrar que o que se pretende é fugir à questão.

Os Portugueses têm o direito de saber o que os Partidos se propõe fazer com o seu voto, nos diferentes cenários.
E mais importante essa clareza se torna no momento particularmente difícil que o País atravessa. Este não é tempo de agradar a todos, atirando as questões incómodas para depois das eleições.
Exige-se, em todas as questões, clareza e frontalidade.
Nomeadamente na primeira dessa questões, que é a da criação de condições de governabilidade. Por muito fracturante e difícil que o assunto seja no interior do Partido Socialista.
Com a actual liderança do Partido Socialista tem sido evidente o constante "piscar o olho" a todos os eleitorados.
Não se pode é exigir que o eleitorado vote de olhos fechados.
in blogue "Novas Politicas" do IFSC

agosto 19, 2009

O Estado Precisa de Portugal







por Gonçalo Sampaio


Numa recente intervenção pública, o Primeiro-Ministro afirmou que "Portugal precisa do Estado. Portugal precisa das forças políticas que não têm medo, nem preconceito, relativamente à iniciativa do Estado".

Esta frase sintetiza muito do pensamento político do actual Partido Socialista. E é mais um exemplo das diferenças entre o PS e o PSD.

Com a justificação da crise que vivemos, e optando pelo caminho mais fácil, o PS quer esmagar a sociedade civil, dando cada vez maior peso e maior intervenção ao Estado em vários domínios e de forma, muitas vezes, arbitrária.

Mas não se pode olhar para o actual momento, e fazer o que é mais fácil e mais agradável. Temos de preparar o futuro.

É fundamental garantir que as medidas a tomar hoje nos tornam mais fortes e mais capazes para encarar o amanhã.



Isso não será possível se sairmos desta crise com uma sociedade ainda mais esmagada pelo peso do Estado. Não estaremos melhor preparados para o futuro, se esse futuro passar por uma atitude de permanente intervencionismo do Estado, numa lógica quase paternal e muitas vezes asfixiante.


Não significa isto que ao Estado não cabe um importante papel, nalguns casos até de intervenção, na nossa economia.

Mas temos de dar espaço, criar condições e fomentar a iniciativa da sociedade civil. Temos de saber valorizar e potenciar o papel das pessoas, da sua capacidade, da sua vontade.

Importa reforçar a sociedade civil, acreditando na liberdade, e responsabilidade, das pessoas para definir o seu futuro.

Com uma sociedade civil mais forte, mais capaz, mais empreendedora, o País será, inevitavelmente, mais coeso e terá um futuro melhor e mais sustentado.

Portugal precisa da sociedade civil, das pessoas.
Portugal precisa das forças políticas que não têm medo, nem preconceito, relativamente ao papel da sociedade civil, da iniciativa privada, no delinear do futuro colectivo.



In Blogue "Novas Políticas" do IFSC

Na hora do balanço a pergunta : " Está melhor do que estava há 4 anos?"











por Gonçalo Sampaio


Na Vida há momentos para fazer o balanço do percurso seguido e avaliar as opções tomadas. Só com esse exercício podemos olhar para a frente e tomar opções para o futuro.


Olhando para a vida política portuguesa, este é o momento de avaliar o Governo. Um Governo que governa há mais de 4 anos, com maioria absoluta e onde o Primeiro-Ministro será recandidato, tornando a necessidade de avaliação ainda mais premente.

Este é o momento em que os Portugueses devem perguntar-se: Que balanço faço do mandato deste Governo ?

Num segundo momento, já não muito longínquo, haverá que fazer o confronto das propostas e da credibilidade de quem as faz.

Fiquemos, por agora, no primeiro momento o do balanço da actuação do Governo.

A ansiedade com que alguns têm vindo a exigir a apresentação de propostas por parte do PSD, leva-me a admitir que o Governo, e o Partido que o apoia, receia este exercício. Quer, portanto, desviar o debate para outros palcos. Mas tudo tem o seu tempo.

Em 1980, na campanha para a eleição dos Presidente dos Estados Unidos da América, um candidato desafiou o povo a esse exercício. Perguntou ao povo americano "Are you better off than you were 4 years ago?" (Está melhor do que estava há 4 anos atrás ?).


A esmagadora maioria dos eleitores respondeu que não, tendo o então recandidato perdido as eleições.


No Portugal de hoje, serão poucos - se alguém - que possa responder que sim à referida pergunta.


Talvez por isso, tantos pretendam, desde já, desviar as atenções.


In blogue " Novas políticas"do IFSC