junho 04, 2008

Abalos de um sismo anúnciado

por Paulo Veiga da Fonseca

Ontem assistimos ao que há muito era latente: O início da convulsão da “esquerda” em Portugal.

Muito bem protegida por uma comunicação social demasiado conivente com este sector político, os abalos que têm ocorrido nos últimos anos são criteriosamente mantidos nas fronteiras internas. Recordo alguns episódios que apenas mereceram algumas referências nos media:

1- Movimento Cívico de Manuel Alegre no seguimento da sua candidatura à presidência. Têm reunido com regularidade e as movimentações apontavam para duas soluções: a criação de um novo Partido ou delinear uma estratégia para o pós-socrates no PS.


2- Saída de comunistas de cargos públicos: a deputada Luísa Mesquita da Assembleia da República e o presidente da Câmara Municipal de Setúbal Carlos Sousa. Mostra a reacção da estrutura ortodoxa a movimentos internos mais independentes do comité central.


3- A candidatura de Helena Roseta à CML com saída em ruptura do PS.


4- As guerras internas no BE aquando da última reunião magna do partido, no Fórum Lisboa.


5- As abstenções de Manuel Alegre em algumas votações no parlamento.


6- A carta de Mário Soares

Estes são alguns exemplos de acontecimentos que mereceram pouco aproveitamento mediático se compararmos com os factos e as polémicas que se criam entorno da vida do PSD, julgo que será perceptível a diferença.

Mas estes “pequenos abalos” apenas são o prenúncio do grande terramoto que vai acontecer na dita “esquerda”.

Como quando acontecem este fenómenos naturais lá bem longe de Portugal o nosso comportamento é de algum alheamento e de observação à distância.

O problema é que a qualquer momento pode acontecer connosco.


Esta luta à “esquerda” pode não ficar tão distante do PSD como se imagina. Se podemos visionar uma impulsão de uma parte do PS ao mesmo tempo temos que entender que, a acontecer, vai provocar um acantonamento da actual classe dominante no PS ao Centro-esquerda e Centro-Social-democrata. Ou seja o PS tenderá a querer instalar-se no chamado centrão.

Assim sendo, para além dos perigos sempre latentes de a grande base de apoio do PSD poder entrar também em “abalo sísmico” de grande intensidade, torna-se urgente ao PSD preparar-se para a redefinição dos posicionamentos à esquerda.

Como venho alertando ao longo dos últimos 5 anos, o PSD precisa de deixar de ser um partido de multitendências assente numa matriz que vem de outros tempos e contextos.

Falar-se de “Esquerda” ou “direita” vindas dos pensadores do séc. XIX, com mais ou menos recauchutagem é perder-se tempo.

O mundo actual exige clarificações ideológicas que permitam diferenciar as diferentes propostas de governo.

Agora, com a chegada da paz interna, volto a defender a criação de uma task force exclusiva para redefinir e modernizar o ideário político do partido, para que a partir de 2009 possamos saber o que somos e o que nos diferencia dos restantes adversários políticos aos olhos dos portugueses.

junho 02, 2008

Resultados das directas

Pode todos ver os resultados da directas por distritos, concelhos , secções e núcleos por aqui :

http://www.psd.pt/cmgestao/include/imagedisp.asp?id=4224&save=1

no portal do PSD.

Eleições directas – A vitória do Partido.
Por Paulo Veiga da Fonseca


Terminou o terceiro processo eleitoral interno para eleição do líder da Comissão Política Nacional.

Em pouco mais de 3 anos, os militantes do PSD tiveram que ser chamados a decidir que caminho queriam que o partido seguisse na perspectiva de se construir uma alternativa ao (des)governo do Partido Socialista.

Nos tempos que correm, esta vida interna tem-nos feito perder tempo. Demasiado tempo. Tempo precioso para os portugueses.

Podemo-nos orgulhar por sermos um partido interclassista, detentor de um rico passado reformista e de luta pela liberdade. De ser constituído por correntes políticas diferenciadas mas ao mesmo tempo enriquecedoras para uma matriz ideológica, híbrida, que nos faz um partido único.

Mas temos que estar preocupados.

Tal qual as velas de uma nau, nos últimos anos temos assistido à predominância de ventos difusos e como tal a nau virou para rotas dependentes das velas que foram içadas.

Não podemos voltar a fazer como nestes 3 anos em que apanhámos “ventos diferentes” não dando um rumo definido ao partido em que os portugueses olharam para nós e não sabia por onde queríamos ir.

Grave é por isto aconteceu por nossa inteira responsabilidade. Pelas nossas incoerências, vaidades e pelas nossas ausências.

Apesar do mediático incremento de militantes com quotas pagas continuámos a ter apenas 43% de votantes. Mesmo assim somos o partido com maior participação em actos eleitorais internos. Com certeza! Mas não podemos deixar de meditar neste fenómeno, até para clarificar o nosso funcionamento interno e, necessariamente, repensar o método das eleições directas.

Temos um novo líder.

Pela primeira vez, uma militante assumiu o comando de um dos maiores partidos Ibéricos e candidata a primeiro-ministro. Como companheiros nossos referem num blogue, “sem necessidade de cota ou por outras razões artificiais”. É assim o PSD.

Da companheira Manuela Ferreira Leite espera-se que cumpra o que todos desejamos: Que promova a unidade, que desenvolva uma liderança determinada a encontrar novas políticas que devolvam mais do que a “Esperança” aos portugueses, que devolva o crescimento económico ao país, que diminua as desigualdades sociais, que os portugueses possam ter confiança num melhor futuro.

Da parte de cada militante, dos pagantes e não pagantes, dos participativos ou dos passivos, dos novos ou dos mais antigos exige-se que das diferenças que defendemos no acto eleitoral passado encontremos a união e vontade colectiva que permita o partido cumprir o desejo de mudança para Portugal.

Mais do que a vitória de alguns foi a vitória do Partido. Estou certo que os portugueses que desejam a mudança viram a vitalidade do PSD e esperam de nós de novo um novo ciclo de desenvolvimento.

Agora, mais do que nunca, teremos que estar todos juntos por Portugal!