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dezembro 21, 2010
dezembro 19, 2010
Crónica da semana 50 – Não “cheira” a Natal!
Estamos a uma semana do Natal.
Andamos pelas ruas de Lisboa, e exceptuando as iluminações próprias da época que sempre prendem a nossa atenção, não “cheira” a Natal. A azáfama de outros anos do “entra e sai” das lojas nas principais artérias comerciais da cidade, as filas de trânsito intermináveis, o estacionamento em 2ª fila, as montras enfeitadas com sentimento, e até os Estandartes de Natal pendurados nas janelas são quase meras lembranças de um passado não muito distante e mais feliz para a grande maioria dos portugueses.
O deficit das contas públicas, o aumento do IVA, a vinda ou não do FMI para “salvar” a economia portuguesa, o corte nos salários, o congelamento das pensões, o desemprego, etc, etc, inundam os pensamentos dos portugueses, cujo futuro se vislumbra muito tenebroso. Quem pode pensar em comprar presentes para os familiares e amigos, em fazer as filhoses e as rabanadas, em sentir o espírito natalício, se o dinheiro não chega nem para pagar as contas mais básicas: renda da casa, água, luz, gás, alimentação, farmácia….?
Na DECO quer o Gabinete de Apoio ao Sobre-endividamento quer a linha SOS Crise têm registado um aumento significativo do número de chamadas. Todos os meses este número duplica relativamente ao mês anterior. Naquele Gabinete o número de processos duplicou comparativamente aos anos anteriores, e enquanto no início deste ano quem recorria à DECO eram famílias carenciadas, desde há uns meses verificam-se cada vez mais pedidos de famílias das classes média e média alta.
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No Natal celebra-se o nascimento de Jesus, que, para um país maioritariamente católico, deveria ser vivido com alegria e muita paz. O Natal per si é “a Luz”, a luz que clareia, que traz vida, que ilumina, que irradia os nossos ambientes. No entanto, o sufoco das contas por pagar complica cada vez mais o dia-a-dia dos portugueses, que precisam de apoio para optimizar a utilização dos seus (parcos) rendimentos, e que não permite que se viva essa alegria, se sinta paz, que “cheire” a Natal!
O Governo PS resolveu por no “sapatinho” dos portugueses um conjunto de 50 medidas para resolver os problemas económicos do país. Destacam-se as alterações à lei dos despedimentos e a baixa dos salários… 58 mil apoios sociais serão cortados ou reduzidos. Estas medidas levam a uma diminuição cada vez mais acentuada do consumo privado, à precariedade dos empregos, à falência de pequenas empresas que detêm a maior quota de mercado produtivo português, a mais desemprego, a um aumento exponencial da instabilidade económica e social. Esta é a fórmula de um Governo que se diz defensor do Estado Social… Será que o PS sabe o seu verdadeiro significado? Nós ensinamos: “… Estado Social é uma forma organizativa de sociedade que dá uma resposta colectiva às necessidades de cada uma das pessoas, não provocando grandes polémicas… está directamente relacionado com um aparelho de Estado bem organizado e uma economia saudável…” *. Alguém encontra alguma parecença com a actuação do Governo Sócrates?
O PSD tem a obrigação de não baixar os braços, de não permitir a continuação da destruição a todos os níveis do nosso país. Mudanças profundas são necessárias para mudar o actual contexto, e o PSD tem (muito bons) recursos para o fazer. O PSD vai permitir aos portugueses que volte a “cheirar” a Natal!
* Citação do Dr. Bagão Félix em entrevista ao Jornal Público em Jul-2010