dezembro 19, 2010

Crónica da semana 50 – Não “cheira” a Natal!

Estamos a uma semana do Natal.

Andamos pelas ruas de Lisboa, e exceptuando as iluminações próprias da época que sempre prendem a nossa atenção, não “cheira” a Natal. A azáfama de outros anos do “entra e sai” das lojas nas principais artérias comerciais da cidade, as filas de trânsito intermináveis, o estacionamento em 2ª fila, as montras enfeitadas com sentimento, e até os Estandartes de Natal pendurados nas janelas são quase meras lembranças de um passado não muito distante e mais feliz para a grande maioria dos portugueses.

O deficit das contas públicas, o aumento do IVA, a vinda ou não do FMI para “salvar” a economia portuguesa, o corte nos salários, o congelamento das pensões, o desemprego, etc, etc, inundam os pensamentos dos portugueses, cujo futuro se vislumbra muito tenebroso. Quem pode pensar em comprar presentes para os familiares e amigos, em fazer as filhoses e as rabanadas, em sentir o espírito natalício, se o dinheiro não chega nem para pagar as contas mais básicas: renda da casa, água, luz, gás, alimentação, farmácia….?

Na DECO quer o Gabinete de Apoio ao Sobre-endividamento quer a linha SOS Crise têm registado um aumento significativo do número de chamadas. Todos os meses este número duplica relativamente ao mês anterior. Naquele Gabinete o número de processos duplicou comparativamente aos anos anteriores, e enquanto no início deste ano quem recorria à DECO eram famílias carenciadas, desde há uns meses verificam-se cada vez mais pedidos de famílias das classes média e média alta.

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No Natal celebra-se o nascimento de Jesus, que, para um país maioritariamente católico, deveria ser vivido com alegria e muita paz. O Natal per si é “a Luz”, a luz que clareia, que traz vida, que ilumina, que irradia os nossos ambientes. No entanto, o sufoco das contas por pagar complica cada vez mais o dia-a-dia dos portugueses, que precisam de apoio para optimizar a utilização dos seus (parcos) rendimentos, e que não permite que se viva essa alegria, se sinta paz, que “cheire” a Natal!

O Governo PS resolveu por no “sapatinho” dos portugueses um conjunto de 50 medidas para resolver os problemas económicos do país. Destacam-se as alterações à lei dos despedimentos e a baixa dos salários… 58 mil apoios sociais serão cortados ou reduzidos. Estas medidas levam a uma diminuição cada vez mais acentuada do consumo privado, à precariedade dos empregos, à falência de pequenas empresas que detêm a maior quota de mercado produtivo português, a mais desemprego, a um aumento exponencial da instabilidade económica e social. Esta é a fórmula de um Governo que se diz defensor do Estado Social… Será que o PS sabe o seu verdadeiro significado? Nós ensinamos: “… Estado Social é uma forma organizativa de sociedade que dá uma resposta colectiva às necessidades de cada uma das pessoas, não provocando grandes polémicasestá directamente relacionado com um aparelho de Estado bem organizado e uma economia saudável…” *. Alguém encontra alguma parecença com a actuação do Governo Sócrates?

O PSD tem a obrigação de não baixar os braços, de não permitir a continuação da destruição a todos os níveis do nosso país. Mudanças profundas são necessárias para mudar o actual contexto, e o PSD tem (muito bons) recursos para o fazer. O PSD vai permitir aos portugueses que volte a “cheirar” a Natal!

* Citação do Dr. Bagão Félix em entrevista ao Jornal Público em Jul-2010