maio 28, 2008

Não basta coragem. E a ponderação?
In 24horas 28.05.08

Começo desde já este artigo e a defesa do meu ponto de vista com uma nota prévia: segundo a dicotomia usada por alguns, sou uma “base” do PSD. De acordo com uma apreciação na ordem do dia, a minha idade remete-me para o “futuro”.

Podem-se enganar muitos durante algum tempo (e já lá vão 3 anos) mas não se conseguem enganar todos durante todo o tempo… O País precisa de uma alternativa. O País merece melhor
.
O PSD não deve esquecer como chegou ao estado actual de distanciamento dos Portugueses. Liderar um partido não é, não pode ser, um concurso de simpatia ou fotogenia.

Antes de querer reconquistar a confiança dos Portugueses, o PSD terá de olhar-se ao espelho, reflectir, reencontrar-se.

Antes de ser respeitado, tem de dar-se ao respeito. Respeito pelas suas ideias, respeito pelas suas propostas, respeito pelo seu líder. O PSD, depois do longo período de letargia em que viveu, precisa de uma liderança que lhe dê estabilidade e credibilidade, mas também uma alma nova, um rumo, uma esperança.

Precisa de uma vitória de convicções, virada para o futuro. Não se pode querer ganhar para ganhar. É preciso ganhar para mudar. O PSD tem de deixar, de uma vez por todas, a política espectáculo, em que tudo é (era) feito a pensar no mediatismo, nos minutos e páginas de cobertura mediática, no “palco” que alguns conseguiam ter, exclusivamente para gáudio e proveito próprio.

O PSD tem de sair do País virtual em que parecia entretido, com inúmeros episódios e estórias, mais ou menos fúteis, mas sempre menos dignificantes e voltar a falar uma linguagem que os Portugueses entendam.

Tem de voltar às bandeiras que fizeram do PSD o “partido mais português de Portugal”. O Partido em que os portugueses se revejam. Que lhes dê confiança. Estabilidade. Verdade. Ponderação.

Importa que se queira, e saiba, congregar não só as pessoas mas um discurso mobilizador, credível e de confiança para os militantes, mas também para os Portugueses. É tempo de renovar: ideias e discursos. Projectos. O País e o Mundo mudaram muito nos últimos anos. A sociedade assistiu, a todos os níveis, a uma evolução radical.

O PSD, o seu projecto, não souberam acompanhar essa evolução. Têm de voltar a ser capazes de antecipar o futuro. Mas sempre falando verdade, pois foi assim que, no passado, ganhou a atenção, a confiança e o entusiasmo dos Portugueses.

Não é tempo para calculismo e equilíbrios. Não é tempo de repetir erros do passado recente. É tempo de coragem. No PSD. Por Portugal.

Estas condições não são propriedade ou exclusivo de alguém.

Pelo seu passado, serenidade, firmeza e credibilidade, Manuela Ferreira Leite é a melhor candidata a líder. Importa que consiga compreender todos estes desafios. E que os enfrente com determinação. E convicção.

É que se Portugal espera muito do PSD não é menos certo que Portugal não vai esperar mais pelo PSD. ■

Gonçalo Sampaio

Sem comentários: